Pedagogia de Janeiro 2023

01 de Janeiro de 2024


Pedagogia mistagógica - JANEIRO 2024

A BOA NOTÍCIA: EMANUEL
OUVIR A VOZ DE DEUS

A pedagogia mistagógica de janeiro 2024 contará com dois contextos mistagógicos. No primeiro contexto, a conclusão do Tempo Natalino, com as celebrações da Mãe de Deus, da Epifania e do Batismo de Jesus. No segundo contexto, o início do Tempo Comum do Ano B, com três celebrações: 2DTC-B, 3DTC-B e 4DTC-B. É o início da primeira parte do Tempo Comum, que é celebrado até a Quarta-feira de cinzas.

A pedagogia mistagógica do Tempo do Natal continua sendo a mesma proposta desde o Advento: “BOA NOTÍCIA: EMANUEL”. Conduzir os celebrantes a celebrar o Mistério do Natal com a Boa Notícia da presença do Emanuel, de Deus que se faz presente no meio de nós. A pedagogia mistagógica da primeira parte do Tempo Comum, por sua vez, tem como tema: OUVIR A VOZ DE DEUS. É um modo de dar continuidade à pedagogia mistagógica do Tempo Natalino: se o Emanuel está no meio de nós, então é importante ficar atento para ouvir a voz de Deus falando em nosso meio.

Epifania em 3 momentos
Vamos retomar o último parágrafo da pedagogia mistagógica de dezembro 2023. A Boa Notícia do Emanuel não é anunciada pela Mãe de Jesus com palavras, mas com o silêncio maternal da mãe que, simplesmente, mostra que seu Filho Jesus é o Emanuel, é Deus apresentado como recém-nascido no meio de nós. Na simplicidade desse gesto evangelizador é possível meditar de modo mais aprofundado o prólogo joanino: “no princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus” (Jo 1,1). Deus está no meio de nós. Esta é a Boa Notícia do Santo Natal.

O primeiro momento epifânico, quer dizer, o primeiro momento revelador da manifestação do Emanuel, de Deus vivendo entre nós, acontece na Solenidade da Mãe de Deus. O mesmo movimento é repetido na Solenidade da Epifania, da Virgem Mãe apresentando seu Filho ao mundo, através da presença simbólica dos Reis Magos. Este é o segundo momento epifânico, celebrado na Solenidade da Epifania. Mas, perceba que na celebração da Epifania, Deus mesmo conduz o mundo ao encontro do Emanuel na afirmação feita pelos Reis Magos, "vimos sua estrela e viemos adorá-lo" (E). Uma peregrinação motivada pela espiritualidade do encontro, como proposto celebrar as celebrações natalinas.

O terceiro momento epifânico realiza-se na celebração do Batismo do Senhor. Mas, desta vez, a apresentação não mais é feita pela Mãe e pela Sagrada Família; é João Batista que o apresenta como Cordeiro de Deus e, mais solenemente ainda, é a voz do Pai que fala para apresentar Jesus como seu Filho amado. Este é o Emanuel, Deus convivendo conosco.

Ouvir a voz de Deus
Se no Tempo de Natal a espiritualidade do encontro é marcada por sinais que conduzem a conviver com o Emanuel, conviver com Deus que está entre nós, na primeira parte do Tempo Comum – B, a espiritualidade se caracteriza pela dinâmica da escuta: ouvir a voz de Deus.

Ouvir é um verbo e, como todo verbo, indica um movimento, uma dinâmica. Nas propostas celebrativas do SAL, o momento do ouvir acontece pelo acolhimento. Falando de acolhimento, percebe-se que o movimento do ouvir não consiste em entrar por uma orelha e sair por outra, mas de entrar pelo ouvido e cair no depósito do coração, como refletimos na Solenidade da Mãe de Deus, ela que guardava todas as coisas no seu coração (Lc 2,19). Um movimento que, nas propostas celebrativas deste mês de janeiro 2024, sugerem três atitudes, presentes em três verbos: acordar, converter e discernir.

A atitude do acordar encontra-se no 2DTC-B. Samuel dorme e a voz divina o acorda no meio da noite. Uma proposta celebrativa que, no contexto de ouvir a voz de Deus, conduz mistagogicamente os celebrantes a se acordarem de sonos existenciais para se colocarem na escuta e ao serviço da Palavra de Deus.

O resultado do ouvir a voz divina e acolhê-la no coração tem seu primeiro efeito na celebração do 3DTC-B: a conversão da mentalidade. Converter-se não é um simples ato de mudança de vida, de trocar um jeito de viver por outro, mas de mudar a mentalidade. Isto só é possível em quem ouve a voz divina falando em seu coração para pensar com os mesmos pensamentos de Deus.

E, uma terceira consequência, no 4DTC-B, o movimento do discernimento. Discernir com a luz da voz divina, discernir a partir dos pensamentos de Deus. Discernir para não cair nas tentações de outras vozes que falam dentro de nossas vidas, como é o caso da voz do mal, que Jesus exorciza com a autoridade da sua Palavra.

Conclusão
Os dois contextos iluminadores nas propostas celebrativas do SAL — da "BOA NOTÍCIA: EMANUEL", para o Tempo do Natal e, o "OUVIR A VOZ DE DEUS", para o inicio do Tempo Comum – B — apontam, em síntese, para a centralidade da Palavra que se encarna no nosso meio  para ser ouvida e acolhida como luz que ilumina a vida humana (Jo 1,1ss). Demonstração que não somos uma religião do livro, mas da Palavra. A espiritualidade continua sendo aquela do encontro e da disponibilidade para acolher a voz divina que fala no Evangelho.

No que respeita às propostas celebrativas, em resumo e recapitulando, o contexto da pedagogia mistagógica propõe a Epifania em três momentos significativos: Solenidade da Mãe de Deus, Solenidade da Epifania e Festa do Batismo do Senhor. A espiritualidade do Tempo Comum B, que é própria do discipulado cristão, é marcada pela dinâmica da escuta, com três atitudes: acordar (2DTC-B), converter a mentalidade (3DTC-B) e discernir (4DTC-B). Essas atitudes são apresentadas como movimentos necessários para ouvir e acolher a voz divina, resultando em vida cristã.

Serginho Valle 
Novembro de 2023