Pedagogia do mês de OUTUBRO 2023

01 de Outubro de 2023


Pedagogia mistagógica de outubro 2023

A proposta da pedagogia mistagógica para as celebrações Dominicais de outubro 2023 iluminam-se na SINODALIDADE, inspirada no tema do Sínodo dos Bispos que acontece em outubro de 2023 e se estenderá até 2024. A sinodalidade não foi um tema escolhido aleatoriamente, mas inspirado pelo Espírito Santo, que sempre e em todas os tempos, conduz a Igreja a profetizar em todas as partes do mundo a necessidade de caminhar juntos para compartilhar experiências existências e espirituais, caminhar juntos para dialogar na humildade de quem respeita o outro como irmão e irmã. 

As propostas celebrativas do SAL – Serviço de Animação Litúrgica - do mês de outubro 2023 favorecem refletir o desafio que a Igreja recebe de caminhar juntos, em sinodalidade, mesmo diante de dificuldades de se partilhar o mesmo caminho por vários motivos que, até mesmo, impedem a sinodalidade, seja dentro da Igreja como por tantas barreiras ideológicas que tanto polarizam os relacionamentos sociais no mundo.

Por isso, didaticamente, vamos considerar dois aspectos, presentes nas propostas celebrativas do SAL. O primeiro consiste em convidar os celebrantes a fazer um exame de consciência quanto ao modo de trabalhar na vinha do Senhor plantada e cultivada na paróquia. Isto se encontra nas propostas celebrativas do 26DTC-A, 27DTC-A e Solenidade de Nossa Senhora Aparecida. Depois, no segundo aspecto, as dificuldades para se viver e cultivar a sinodalidade na comunidade social e na comunidade paroquial, refletidas nas propostas celebrativas do 28DTC-A e 29DTC-A.

Tem ainda um terceiro aspecto, presente no último Domingo (30DTC-A), apresentando o único e principal fundamento da sinodalidade: o Mandamento Novo. Quem o vive o Mandamento Novo cultiva a vinha do Senhor para produzir frutos evangelizados e evangelizadores na paróquia e para o bem da comunidade social. Quem vive o Mandamento Novo não coloca obstáculos na sinodalidade.


O convite para viver a SINODALIDADE
Os dois primeiros Domingos de outubro prosseguem e concluem a trilogia da vinha do Senhor, iniciada no último Domingo de setembro 2023. São dois Domingos que, do ponto de vista da pedagogia mistagógica, iluminada pela sinodalidade, coloca a exigência de considerar como se está respondendo ao convite divino para trabalhar na vinha do Senhor (26DTC-A) e com qual dedicação sinodal se dedica à vinha do Senhor, essa vinha que está plantada dentro da paróquia (27DTC-A). Neste caso, entende-se a sinodalidade do ponto de vista de compromisso e de serviço dedicado à vinha para produzir frutos evangelizados e evangelizadores na comunidade paroquial e em toda a comunidade social.

Um modo de responder ao convite da sinodalidade ilumina-se na espiritualidade mariana, presente na Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, mostrando que o caminho da sinodalidade considera a necessidade de Deus — necessidade porque Deus precisa de nós e nos convida a trabalhar para cultivar sua vinha — e considera também as necessidades do povo que vive na comunidade onde está plantada a vinha do Senhor. A Liturgia dirige o olhar dos celebrantes para a realidade da “vinha”, plantada e cultivada na paróquia, e dirige o olhar para ver as necessidades do povo.


Oposição e confronto à SINODALIDADE
Um segundo momento da pedagogia mistagógica de outubro 2023 chama atenção para algumas causas que dificultam viver a sinodalidade na Igreja e, de modo mais pontual, dentro da comunidade paroquial. Todos são convidados a caminhar juntos, em sinodalidade, para participar do banquete do Reino, mas existem recusas da parte de alguns, recuso de outros que se fazem indiferentes e um grupo que, simplesmente. rejeita o projeto da sinodalidade da Igreja porque os desafia a saírem de suas estruturas mentais ou de algum posto.

O modo de recusa acontece com teses e teorias favorecedoras do individualismo que se refugiam em compras de campos e em casórios (E do 28DTC-A), que nada mais são que discursos e argumentos impedidores de participar da comunhão do banquete.

Diante de pessoas e grupos dentro da Igreja, que atuam como fariseus (E do 29DTC-A), o confronto acontece entre ideologias e uma dinâmica de caminho do Evangelho proposto pela Igreja, que é a da sinodalidade. A moeda cunhada com o rosto e a inscrição de César em contato com a proposta da Igreja tenta induzir cristãos a divergir do projeto pastoral da sinodalidade, inspirado no Evangelho, com teses e com uma agressividade totalmente desmoldada dos valores da fraternidade cristã. A Igreja é confrontada intramuros por pessoas que — assim como os fariseus — se consideram cristãos e cristãs autênticos, no direito de confrontar e denegrir a imagem do Papa, de bispos, padres, religiosos e todos que se comprometem sinceramente, com parresia, no caminho da sinodalidade.


O amor fraterno e a SINODALIDADE
O último Domingo do mês de outubro (30DTC-A) coloca o fundamento da sinodalidade: o amor a Deus e o amor ao próximo propostos por Jesus no Mandamento Novo. Refletindo a pedagogia mistagógica, compreende-se que a  sinodalidade consiste em caminhar juntos, em sinodalidade, na estrada de quem ama a Deus sobre todas as coisas e ama o próximo.

Colocar o fundamento da sinodalidade no Mandamento Novo faz compreender que a Igreja está propondo que o caminho seja realizado de modo fraterno, caminhando lado a lado como irmãos e irmãs. Isto significa que a sinodalidade exige o acolhimento do outro, mesmo que pense diferente e não pertença ao meu grupo. Ora, onde não se cultiva o amor, mas se estimula o confronto e a acusação, em vez da misericórdia instala-se a discórdia. Por isso, a pedagogia mistagógica do 30DTC-A propõe retomar — com um exercício de revisão — as celebrações de outubro colocando o fundamento do “maior de todos os Mandamentos”, que consiste em amar a Deus e amar o próximo. Quem assim vive e quem assim pensa não coloca entraves para caminhar juntos  nem tampouco reage agressivamente, mas se junta aos irmãos e irmãs para caminhar juntos, em sinodalidade.

Serginho Valle 
Agosto de 2023