Pedagogia Litúrgica de janeiro 2021

31 de Dezembro de 2020


 Pedagogia litúrgica de janeiro 2021

Todo início de um novo tempo, como acontece no começo de um novo ano, convida-nos a respirar ares de esperança. Talvez isso não seja tão visível no início deste 2021 devido a pandemia que continua ameaçando a humanidade. Se o clima de tempos pandêmicos sopra ares desafiadores, a espiritualidade das celebrações natalinas propõe acender novas luzes e incentiva a comprometer-se com o projeto divino. Mas, que luzes podemos acender em tempos desafiadores de pandemia?
A resposta sugere o acolhimento do projeto divino. Isto acontece pela dinâmica vocacional, que consiste em chamado de Deus e resposta compromissada da parte humana. A condição para realizar de modo autêntico e eficaz esta resposta encontra-se no estilo de vida cristão com a necessidade de sempre se converter caminhando no caminho do Evangelho.
 
Espiritualidade
A espiritualidade natalina, depois da celebração solene do Natal do Senhor, tem contornos da espiritualidade mariana, mas pelo lado prático. O Advento propõe a espiritualidade mariana com cores e atitudes de espera maternal. Por isso, espiritualidade iluminada pela paciência. O Tempo do Natal, apresenta uma espiritualidade direcionada para a prática de ir ao encontro de Jesus na simplicidade do silêncio. É momento para considerar a presença divina na pessoa do Menino Jesus como bênção que Deus derrama abundantemente em forma de vida humana (Mãe de Deus).
O tom dinâmico da espiritualidade natalina encontra-se de modo ainda mais evidente na busca dos Reis Magos, conduzidos pela luz da estrela (Epifania). A dinâmica do “ir ao encontro” é uma dimensão essencialmente prática da espiritualidade cristã. Propõe um caminho, propõe sinais, a estrela guia, que conduz ao encontro da luz divina para iluminar a vida. A espiritualidade da Epifania não se reduz à estrela e aos reis; é preciso considerar a viagem, o caminho que conduz a Jesus.
A dimensão dinâmica da espiritualidade natalina, no Batismo de Jesus, também se caracteriza pelo ir ao encontro de Deus. Tanto em Jesus que caminha para receber o Batismo, a partir do qual se compromete publicamente com o projeto do Reino, como no encontro pela presença do Espírito Santo e do Pai. Podemos considerar este quadro de encontro como uma bela descrição da espiritualidade: a pessoa busca o Batismo e se encontra com Deus.
Esta dimensão continua nos primeiros Domingos do Tempo Comum. Isto nos faz concluir que a espiritualidade cristã tem seu início no encontro pessoal com Deus, no encontro pessoal com Jesus Cristo (2DTC-B). É uma espiritualidade marcada pela dinâmica de um encontro que provoca um novo modo de viver, um novo estilo de vida (3DTC-B) identificado com o projeto divino, com o projeto do Evangelho (4DTC-B).
 
Proposta existencial
As celebrações natalinas têm uma proposta existencial animada pela espiritualidade da dinâmica do encontro. Os pastores vão ao encontro de Jesus Cristo (Mãe de Deus) os Reis Magos vão ao encontro de Jesus Cristo (Epifania) e o próprio Jesus Cristo vai ao encontro do compromisso batismal (Batismo de Jesus). Encontro que acontece com algumas dinâmicas próprias da espiritualidade cristã: a dinâmica da meditação silenciosa (Mãe de Deus), a atenção aos sinais dos tempos na existência pessoal e na manifestação da história (Epifania), a vivência existencial do Batismo pelo acolhimento do projeto divino (Batismo de Jesus).
O início de tudo, do ponto de vista batismal, está no Batismo, como celebração de compromisso com o projeto do Reino (Batismo de Jesus). Assim aconteceu com Jesus, assim acontece com quem é batizado.
 
Proposta pastoral
As celebrações natalinas são portadoras de um belo e desafiador projeto pastoral para nossas comunidades: apresentar Jesus de modo simples, como fez a Mãe Maria (Mãe de Deus) e como fez João Batista aos seus discípulos (2DTC-B). Jesus não é nossa propriedade, por isso a primeira dimensão pastoral consiste em apresentá-lo ao mundo. A finalidade da apresentação, do ponto de vista pastoral, consiste em favorecer o encontro pessoal de todas as pessoas com o Senhor (Epifania – 2DTC-B – 3DTC-B).
Outro empenho pastoral está na dimensão evangelizadora da Igreja, que consiste em acender a luz do Evangelho no meio da sociedade. Possivelmente, somente alguns “magos” verão esta luz, mas é o suficiente para causar tumulto na cidade (Epifania). Uma pastoral que não faça somente atividades, mas provoque agitação por acender a luz de Jesus Cristo no meio do povo.
Serginho Valle
Novembro 2020