Sabedoria e discernimento do Reino

03 de Julho de 2020


Discernir com a luz do Evangelho o tesouro do Reino
 
Vivemos um tempo marcado pelo sofrimento em várias dimensões: sofrimento físico, causado pelo vírus da Covid 19; sofrimento psicológico, diante da ansiedade de perdas de familiares e amigos; sofrimento do medo pela perda de recursos financeiros, de empregos... sofrimentos que se manifestam pela desconfiança. É neste quadro que a pedagogia de julho começa com um convite extremamente confortador: descansar no Coração de Jesus. Buscar consolo e paz na mansidão do Coração divino, oferecido por Jesus Cristo (14DTC-A).
O convite do 14DTC-A não se resume apenas no descanso de cansaços físicos provocados pelo sofrimento da ameaça pandêmica, mas conecta-se também com o empenho de carregar o fardo e o jugo desse tempo difícil. Jesus não dispensa o cansaço de passar por este tempo de crise e oferece o seu fardo e o seu jugo, que é leve e suave. É o fardo e o jugo do Evangelho, o jugo e o fardo do conforto e da sabedoria divinos que ilumina a atual realidade existencial.
 
Discernimento com a luz do Evangelho
A sabedoria divina será proposta no 17DTC-A com o belo exemplo de Salomão que, em vez de escolher riqueza e poder para ter um reinado de sucesso, preferiu a sabedoria divina no governo do seu povo. Sabedoria para perceber com a luz do olhar divino a realidade e poder discernir com segurança entre o joio e o trigo (16DTC-A), para preparar e cultivar na terra do coração a boa semente do Evangelho (15DTC-A).
A sabedoria divina, presente no Evangelho, é uma semente semeada prodigamente em nossas vidas. Semente de boa qualidade que produz frutos de boa qualidade (15DTC-A) desde que seja acolhida, cultivada e vivenciada no cotidiano de nossas vidas. Nisto a importância de viver cultivando a Palavra de Deus em todos os momentos da vida. Pelo cultivo, até mesmo neste tempo de dificuldade, de crise, os frutos irão aparecer.
Como mencionado acima, a preparação acontece à medida que iluminamos nossas vidas com a luz do Evangelho. É o processo do discernimento proposto no 17DTC-A, com a parábola do pescador que, ao puxar as redes, separa os peixes bons dos ruins, ou como o pai de família que vai ao seu tesouro para escolher (discernir) entre o que serve e o que pode ser descartado. Sabedoria e discernimento à luz do Evangelho.
Diante do tesouro do Reino dos Céus, pelo qual vale a pena vender tudo, a Liturgia pede e orienta ao discernimento com e pela luz do Evangelho. Precisamos concordar que, em tempo de crise, não pode haver melhor proposta.
Serginho Valle
Junho de 2020