Pedagogia Litúrgica de abril 2020

28 de Março de 2020


A alegria Pascal

A pedagogia litúrgica, nesse abril de 2020, inicia-se com a Semana Santa e se conclui com duas celebrações do Tempo Pascal, o 2º Domingo da Páscoa e o 4º Domingo da Páscoa. A primeira parte da pedagogia, portanto, será dedicada ao serviço divino, oferecido e realizado por Jesus em favor da humanidade e, a segunda parte será dedicada a considerar os efeitos da Ressurreição de Jesus na vida pessoal e na sociedade.
 
Serviço divino em favor da humanidade
            Dois temas iluminam a reflexão pedagógica da Semana Santa. Inicialmente, o tema do serviço que, inclusive abre o contexto celebrativo da proposta celebrativa do Domingo de Ramos. Pedagogicamente, a Liturgia conduz os celebrantes a contemplar a figura do “Servo de Javé” que se coloca radicalmente a serviço do projeto divino. Uma radicalidade que lhe confere sofrimento e profunda humilhação. São Paulo diz que o serviço é o meio para realizar a vontade divina e para glorificar a Deus (2L – Domingo de Ramos). A negação da aceitação do serviço, nos moldes divinos, da doação da vida, transforma-se em traição, como fez Judas, traindo Jesus (E – Domingo de Ramos).
            Iluminando-nos no tema do serviço, sugerimos não valorizar tanto o sofrimento, como é característico nas celebrações da Semana Santa, para ressaltar o serviço amoroso de Jesus, expresso no lava-pés e no dom da Eucaristia (Quinta-feira Santa). O lava-pés é o grande gesto, também do ponto de vista sacramental-simbólico, do serviço divino a favor da vida humana. Um gesto ritual, que compromete os celebrantes de todas as Eucaristias, a se dedicarem ao serviço do amor fraterno.
            A radicalidade do serviço vivenciada pelo “Servo de Javé” (1L – Domingo de Ramos) torna-se visível em Jesus Cristo pendente na Cruz (Sexta-feira Santa). Nossa proposta celebrativa, neste ano de 2020, contextualiza a celebração da Sexta-feira Santa em Jesus Cristo Sumo e eterno Sacerdote. A Cruz é o altar onde Jesus exerce seu serviço sacerdotal com a oferenda da sua vida. A oferenda da sua vida é feita oferecendo seu corpo humano, chagado e dilacerado pelo sofrimento, ao Pai. Uma cena dolorosa, que pode causar repulsa, mas que retrata a epifania do amor ilimitado de Deus para conosco.
 
Fé na Ressurreição
            A segunda parte desta pedagogia litúrgica é dedicada à fé na Ressurreição de Jesus. Disto, o convite para celebrar a Vigília Pascal como uma grande profissão de fé na Ressurreição. Não apenas professar a fé com palavras, mas com a participação de quem se ilumina na Ressurreição, de quem se banha na Ressurreição de Jesus para testemunhá-la como batizado e como luz do mundo (Mt 5,14). Celebrar a Vigília Pascal é professar a fé na Ressurreição a partir da Palavra de Jesus: "eu sou a Ressurreição e a vida" (Jo 11,25). É o próprio Jesus que testemunha que sua Ressurreição é a fonte da vida plena, de onde a importância de aprender a acolher a Palavra de Jesus e de ouvir o testemunho dos Apóstolos para crer na Ressurreição.
            A fé na Ressurreição de Jesus nunca se limita a uma crença, considerando que “crença” se apresenta como estática. A fé na Ressurreição de Jesus, ao contrário da crença, é dinâmica, é sempre caminho e, no caso, é caminho no discipulado. O discipulado inicia-se na penumbra da madrugada, sem muitas evidências, como relatado no Evangelho do Domingo da Páscoa, quando as mulheres vão à sepultura. É um caminho de fé que se ilumina pouco a pouco, ouvindo a Escritura e ouvindo o testemunho da Igreja.
 
Dons e fundamentos da Igreja
            A pedagogia de abril, na sua terceira parte propõe celebrar e refletir dois dons que são frutos da Ressurreição de Jesus: o Espírito Santo e o fundamento da Palavra na construção da Igreja e na vida cristã.
            O Espírito Santo é o primeiro e mais importante dom da Ressurreição de Jesus. São João diz que o dom do Espírito Santo foi soprado no mesmo dia da Ressurreição (2DTP-A). Na celebração do 2º Domingo da Páscoa, a Liturgia enumera quatro efeitos do dom-presença do Espírito Santo na Igreja: a promoção da paz, o perdão dos pecados, o crescimento na fé e a atividade missionária.
            O segundo dom da Ressurreição de Jesus é o fundamento oferecido pela Palavra. O caminho da fé na Ressurreição de Jesus acontece com o próprio Ressuscitado explicando as Escrituras para a sua Igreja (3DTP-A). A Sagrada Escritura é também dom da Ressurreição oferecido à Igreja, que não mais lê a Sagrada Escritura como antes, mas iluminada com a luz da Ressurreição de Jesus e com a luz do dom do Espírito Santo oferecido pelo Ressuscitado (2DTP-A). Toda Sagrada Escritura fala da Ressurreição de Jesus, toda a Sagrada Escritura fundamenta a fé na Ressurreição de Jesus e, por isso é proposta pela Igreja para que todos creiam que verdadeiramente o Senhor ressuscitou e vive na sua Igreja.
Serginho Valle
Fevereiro 2020