Pedagogia de fevereiro de 2019

26 de Janeiro de 2019


 

O sentido da vida e a resposta vocacional
 
A pedagogia das celebrações do mês de fevereiro 2019 contempla uma reflexão que convida a responder um questionamento simples, mas fundamental para todo discípulo e discípula de Jesus: qual o sentido da minha vida?
A resposta tem duas dimensões. Na primeira dimensão, a busca daquilo que dá sentido à vida, que coloca um sabor de alegria e de paz interior ao viver. A fonte, não é segredo para ninguém, encontra-se em Deus (6DTC-C). O homem e a mulher encontram sentido de sua existência quando vivem em Deus. Fora de Deus, a vida é frustrada. Para isso, a necessidade do discernimento entre o que é essencial e o que é secundário na existência. A boa opção consiste em escolher aquilo que se inicia aqui na terra e perdura pela eternidade. Os valores terrenos têm méritos e necessidades, mas não como meta da vida. Agora, quanto ao modo para se viver a vida com sentido, este consiste em ser misericordioso como o Pai é misericordioso (7DTC-C). O cultivo da misericórdia na vida pessoal, nos mais diferentes relacionamentos de nossas existências, é uma proposta de existência com sentido.
            A segunda dimensão da vida com sentido encontra-se na resposta vocacional, presente nos dois primeiros Domingos de fevereiro de 2019. A espiritualidade cristã não se limita a cultivar virtudes interiores ou, pior ainda, fundamentar a prática religiosa em sentimentos religiosos. É uma espiritualidade dinâmica, que impulsiona a ter atitudes, como é o caso da vocação profética (4DTC-C). Uma vocação com a qual o vocacionado defronta-se com o temor humano diante do chamado, porque sabe que será contestado e provocado e rejeitado. Lembro de uma frase em uma das canções de Pe. Zezinho: “e quem disser um não à voz interior, vai sentir saudades dos caminhos do Senhor”. O temor é humano; a vocação pode ser respondida com um não, mas a saudade dos caminhos de Deus permanecerá no coração. O sentido da vida não está na fuga, mas em acolher o chamado vocacional para ser profeta sem medo e para não desistir de testemunhar a fé, intimidando-se diante de ameaças (4DTC-C).
            Ainda na segunda dimensão, de resposta vocacional, a dinâmica do chamado divino traz um elemento muito pouco lembrado no discernimento vocacional: o contato e a experiência com a santidade divina (5DTC-C). A vocação cristã, em todos os níveis existenciais, pode começar com uma experiência sentimental, mas o que determina mesmo é sempre uma experiência profunda com a santidade divina; é o estar diante do Absoluto, como esteve o profeta e como estiveram os Apóstolos. A emoção do contato com o sagrado que a religião proporciona em momentos celebrativos, em encontros ou em pregações tem seu valor, mas não se sustenta por muito tempo. É um primeiro momento. O que sustenta a vocação e a conduz de modo perseverante até as últimas consequências é o contato com a transcendência divina.
Serginho Valle
Janeiro de 2019