Pedagogia de agosto 2016

30 de Julho de 2016


Liturgia e vocação
 
            A Liturgia é a fonte e o cume de todas as atividades da Igreja, diz a SC 10. Isto significa que todas as atividades eclesiais nascem na Liturgia e se destinam à Liturgia. Sendo a vocação uma atividade eclesial, é natural que a mesma nasça na Liturgia e tenha na Liturgia a sua realização. É o que proponho para a reflexão deste mês de agosto, um “mês temático” a partir da reflexão sobre o chamado vocacional.
 
Liturgia, fonte das vocações
            Não é muito difícil perceber a Liturgia como fonte vocacional. Os sacramentos da Iniciação Cristã são chamados, são vocações ao discipulado, ao seguimento de Jesus Cristo, escolhendo Jesus para ser o Mestre da vida. Pela celebração Eucarística, nosso foco neste contexto pedagógico da Liturgia, todos os Domingos tem a característica de, pedagogicamente, propor e repropor o chamado à vida cristã de modos diversos e para finalidades diferenciadas da vida pessoal e social.
            A Liturgia é fonte vocacional porque continuamente renova a proposta de viver o Evangelho, não permitindo que a vocação perca o contado com o chamado divino. Entende-se, por isso, que o descaso para com a celebração sacramental, especialmente da Penitência e da Eucaristia, enfraquece a resposta vocacional e até mesmo pode levar a perder o seu vigor, adoecendo-a e deixando-a morrer.
 
Liturgia, cume da vida cristã
            Do ponto de vista que a Liturgia é o cume da vida cristã, a realização da vida cristã, também é facilmente perceptível, considerando que todo compromisso vocacional é selado dentro de uma celebração litúrgica. Assim é para o Matrimônio e o mesmo se diga para a consagração à Vida Religiosa e as Ordenações sacerdotais. O mesmo poderíamos dizer de diversos ministérios.
            Todo compromisso existencial, do ponto de vista vocacional, sempre acontece na Liturgia e se dirige para ser celebrado na Liturgia porque é na celebração litúrgica que a pessoa se compromete com a resposta vocacional diante de Deus e diante da comunidade reunidade em assembléia.
 
Renúncia e profetismo
            No contexto do “mês temático” deste agosto de 2016, a vocação é colocada em confronto com a necessidade da renúncia e do desapego (19DTC-C). Toda resposta vocacional só se torna autêntica renunciando e desapegando-se das coisas terrenas e de mentalidades que impedem o caminho vocacional. Isto vale tanto para a resposta à vocação do discipulado como para as vocações ministeriais específicas. A renúncia e o desapego são condições essenciais para assumir o chamado profético, que tem a ver com o testemunho do projeto divino no meio da sociedade (20DTC-C).
            A Liturgia, deste modo, ajuda os celebrantes a perceber que o chamado profético é uma vocação ao testemunho cristão a ser feito por palavras ou por atitudes. A resposta ao testemunho profético é alimentada na Liturgia pelo acolhimento da Palavra ali proclamada e pelo fortalecimento que vem do alimento Eucarístico.
 
Simplicidade e humildade
            Outras duas características vocacionais, presentes na Liturgia deste mês temático de agosto, Mês Vocacional, é o perfil do vocacionado para poder responder satisfatoriamente á vocação, seja qual for o chamado. Considerando o modelo vocacional da espiritualidade mariana (Assunção), nós deparamos com a simplicidade e com a disponibilidade de Maria em se colocar a serviço do projeto divino. “Faça-se em mim segundo a tua vontade”. Não existe resposta vocacional sem a simplicidade, condição indispensável para se fazer a vontade divina como resposta vocacional.
            Da mesma forma, não existe resposta vocacional sem a humildade (22DTC-C), virtude que caracteriza o perfil do vocacionado disposto a viver para servir e transformar sua vida em serviço.
 
Concluindo
            A Liturgia, enquanto fome e ápice de todas as atividades da Igreja (SC10), oferece à comunidade e a cada celebrante das Missas Dominicais uma excelente oportunidade para refletir sobre algumas características vocacionais. Além disso, propõe aos celebrantes Dominicais a oportunidade de considerar algumas características necessárias para se responder coerentemente à vocação cristã, no discipulado, à vocações ministeriais ou de estados de vida, como o Matrimônio ou a vida consagrada.
Serginho Valle