Pedagogia de julho 2015

27 de Junho de 2015


Pedagogia de julho 2015

Duas luzes iluminam a pedagogia litúrgica de julho: a luz da evangelização e a luz do pão, que alimenta a vida humana, a vida de todos nós. Os três primeiros Domingos celebram as instruções de Jesus para que seus discípulos e discípulas evangelizem o mundo, isto é, plante sementes do Evangelho em todas as partes do mundo. No último Domingo, inicia-se a leitura do capítulo 6 do Evangelho de João, sobre o Pão vivo. Um texto que se inicia com o pão material multiplicado para que ninguém morra de fome.
 
Evangelizar
Um conceito evangelizador muito apropriado para os nossos tempos poderá ser este: quer escutem quer não escutem não deixem de evangelizar! (14DTC-B). É um tema importante porque a questão da incredulidade parece ganhar proporções sempre maiores, em nossos dias. A questão da incredulidade é ressaltada na celebração deste Domingo. Por incredulidade se compreende a incapacidade de acolher a Palavra do Evangelho e, até mesmo, a dificuldade em acolher o próprio Jesus, como aconteceu com seus conterrâneos. A incredulidade, como demonstrado no Evangelho deste Domingo, é um impedimento sério para Deus agir, uma vez que sua Palavra não encontra eco, não encontra ressonância no estilo de vida. Diante da incredulidade do povo, seja aquele bíblico como de nossos dias, o profeta é enviado para anunciar e testemunhar o projeto divino. Quer escutem quer não, o profeta precisa falar. Esta é a sua missão. Assim fez Jesus, assim somos convidados a fazer, discípulos e discípulas de Jesus. Quer nos escutem quer se façam surdos diante de nossas palavras, o Evangelho precisa ser anunciando.
            A evangelização tem um destino bem claro: a sociedade! Toda a sociedade precisa ser evangelizada, precisa ser iluminada com a luz do Evangelho (15DTC-B). Cada vez fica mais claro que não podemos, na Igreja, conviver com o amadorismo, motivando os agentes pastorais na "boa vontade do fazer o que se pode". A exemplo de Jesus, é preciso criar espaços nos quais os futuros agentes pastorais possam fazer experiências práticas fundamentadas no crescimento espiritual para melhor evangelizar. Prepará-los para entender que o evangelizador não tem compromissos com políticos ou com algum outro tipo de poder, como o poder financeiro, por exemplo, mas unicamente com Deus. Por isso, os evangelizadores são enviados por Jesus de modo pobre, sem levar nada, porque a única riqueza que levam na mochila é o Evangelho.
            Sempre mais e cada vez mais intensamente, a evangelização se torna uma necessidade para a nossa sociedade. Jesus ainda hoje olha para o seu povo e sente compaixão porque é um povo sofrido, parecido a um rebanho sem pastor (16DTC-B). A responsabilidade de liderar um povo, seja religiosa ou política, não pode ser menosprezada, despreocupando-se com as necessidades básicas na vida das pessoas. O modelo proposto pela Palavra é aquele do Bom Pastor, que cuida e alimenta seu rebanho. O evangelizador é um bom pastor, porque ele alimenta seu rebanho com o alimento do Evangelho. Quem recebeu do Senhor a responsabilidade de ser pastor do rebanho precisa aprender a arte da compaixão que, na prática, significa olhar o povo com um coração amoroso. Esta atitude é, seguramente, um gesto evangelizador.
 
Pão nosso
            Como dizia acima, o último momento da pedagogia litúrgica de julho é o início da leitura do capítulo 6 do Evangelho de João. Uma vez que o Evangelho de João é muito pequeno, a Liturgia toma o capítulo 6 no decorrer de quatro Domingos para que a Igreja reflita sobre a importância do pão e compreenda bem o sentido da Eucaristia, Pão descido do céu para a vida do mundo.
            O primeiro texto do capítulo 6 de João é a multiplicação dos pães. Sobraram 12 cestos; é assim que compreendemos a contabilidade da partilha (17DTC-B). O segredo da paz, da justiça social e da boa convivência está na partilha do pão, símbolo maior da vida humana. Quem partilha o pão espanta o egoísmo de sua vida e torna-se promotor de uma convivência saudável e enriquecedora para o bem de toda sociedade. A partilha do pão é o melhor caminho para se encontrar a paz, é um modo de testemunhar que somos guiados pela luz do Espírito Santo, como diz a 2ª leitura desta celebração. Na contabilidade da partilha, todos se alimentam à saciedade e ainda sobram 12 cestos.
 
Conclusão
Julho é um mês, no qual as equipes de celebrações poderão dedicar um tempo maior à reflexão de suas atividades pastorais, na comunidade, em vista da evangelização, como sugerem os três primeiros Domingos deste mês. A pergunta de fundo, colocada pela Liturgia às Equipes de Celebrações é esta: nosso modo de preparar as celebrações e nosso modo de celebrar favorece a evangelização da comunidade?
(Serginho Valle)