Tudo se resume no amor e em amar

29 de Agosto de 2014


Tudo se resume no amor e em amar

 
O segredo da vida está em manter boas relações com os acontecimentos existenciais e com o outro, aquelas pessoas com as quais convivemos em nossos encontros diários. Estas boas relações acontecem em quem cultiva o amor, condição para não maldizer os desafios e problemas da vida e, da mesma forma, condição indispensável para se fazer fraterno de todos e em todos os momentos da vida. Esta é uma premissa contemplada no 23º Domingo do Tempo Comum – A, que pode ser resumida numa frase: não dever nada a ninguém, a não ser o amor fraterno. Com tal intuito, nossa proposta celebrativa para este Domingo (23DTC-A) está contextualizada no valor do relacionamento fraterno, algo que é tipicamente cristão, em vista da saúde espiritual e psicológica dos celebrantes. Quem cultiva relacionamentos saudáveis, vive saudável, quem se faz fraterno fundamenta sua vida no amor e vive feliz.
Fundamentar a vida no amor é próprio da proposta divina, cujo ponto alto se concentra na Cruz de Jesus Cristo que, neste ano de 2014, nós a contemplamos na celebração da Festa Litúrgica da “Exaltação da Santa Cruz”. É com todo respeito que, como Igreja, nos aproximaremos da Cruz salvadora do Senhor para proclamar: “nós vos adoramos e vos bendizemos, Senhor, Porque pela vossa Cruz remistes o mundo.”
A Igreja privilegia a “Exaltação da Santa Cruz” única e exclusivamente porque na Cruz ela reconhece e venera o sinal e o instrumento de nossa Salvação. É com o desejo de obter o dom da Salvação e reconhecendo o grande amor divino, que torna esta Liturgia um convite especial para contemplar a Cruz redentora e salvadora de Jesus Cristo. É uma celebração com forte caráter contemplativo, na qual a Cruz de Jesus é apresentada como local da Salvação divina, como momento, no qual Deus derrama e revela seu total amor por nós. 
 
A vinha do Reino
            Num segundo momento da pedagogia litúrgica deste mês setembro, os celebrantes serão convidados a considerarem o projeto divino do Reino de Deus comparando-o com a vinha. O mesmo cuidado que os vinicultores têm para com a vinha, os seguidores de Jesus e de seu Evangelho devem ter com o Reino de Deus, para que produza frutos no meio do mundo.
A dedicação ao trabalho na vinha do Reino não se mede com os padrões da justiça humana, que não considera a recompensa pelos critérios do ganho e do lucro, mas pela gratuidade divina e, principalmente, pela disponibilidade de se dedicar totalmente ao projeto divino. Diante deste pensamento, que perpassará a celebração o 25º Domingo do Tempo Comum - A, a Liturgia lança três convites aos celebrantes que, unidos, tornam-se um grande e único convite a cada celebrante, para que possa viver plenamente a proposta do Evangelho, dedicando-se ao cultivo da vinha do Reino de Deus.
            Um convite insistente, podemos dizer, considerando que o mesmo convite volta a ecoar no 26º Domingo do Tempo Comum – A, a partir do contexto da justiça divina em vista da santidade. Todos são convidados a trabalhar na vinha do Pai. Muitos dizem que sim, mas não comparecem, outros avaliam melhor o convite e se dedicam ao cultivo da vinha do Reino. Por isso, se no Domingo passado, a Liturgia se revestia com características de convite, neste, a característica que predomina é de provocação. Uma provocação que vem do próprio Jesus, quando procura desestabilizar quem vive confortavelmente em uma religião feita de conceitos religiosos e de pouca prática. A fé cristã jamais pode ser entendida como doutrina, pois é sempre proposta de quem se dispõe a trabalhar e cultivar a vinha do Reino.
 
Conclusão
            Mês de setembro é também mês temático, dedicado à Bíblia. Uma oportunidade para ajudar os celebrantes a perceber como a Bíblia, enquanto Palavra de Deus, ilumina relacionamentos fraternos, conduz a contemplar o amor divino na Cruz salvadora de Jesus e convida a trabalhar na vinha, símbolo do Reino de Deus, que deve ser cultivado entre nós e por nós.
Serginho Valle