Pedagogia litúrgica de fevereiro

28 de Janeiro de 2014


Evangelizar: iluminar a escuridão do mundo com as luzes coloridas do Evangelho.
 
            A característica epifânica, presente nas celebrações dominicais de janeiro invade o mês de fevereiro, em sua primeira celebração, a “Apresentação do Senhor”. Nas demais celebrações de fevereiro os celebrantes ouvirão o convite para se colocarem na escola do discipulado de Jesus, permitindo que Jesus conduza suas vidas à perfeição, que se realiza pela participação na santidade divina. Antes, contudo, de abordar este tema, consideremos a celebração do primeiro Domingo de fevereiro, na qual se realiza também a bênção das velas que serão usadas nas celebrações litúrgicas da comunidade, no decorrer do ano.
 
Apresentação do Senhor
            Jesus é a luz divina que veio ao mundo para iluminar as nações e a vida de cada ser humano. Esta é a grande proclamação que os celebrantes ouvirão e contemplarão nos sinais e símbolos da celebração da Festa Litúrgica da “Apresentação do Senhor ao Templo”. A Festa da Apresentação do Senhor tem a particularidade de ser a última celebração relacionada ao Tempo do Natal e é, ao mesmo tempo, anúncio profético da Páscoa. O velho Simão vê a realização da Salvação divina nos seus braços e o autor da carta aos Hebreus (2L) demonstra que Cristo veio como oferenda divina para nos libertar da escravidão do pecado e da morte. O contexto celebrativo, reforçando o que dizíamos acima, continua sendo epifânico, no sentido que Jesus é apresentado como luz do mundo. É apresentado também (se manifesta = epifania) como o novo Templo, quer dizer, o novo local do encontro com Deus. Um contexto, portanto, para celebrar a iluminação humana com a luz divina, através do acolhimento da luz do Evangelho.
 
O compromisso iluminador
            Depois de contemplar celebrativamente Jesus como luz dos povos e de cada ser humano, o próprio Jesus transmite seu compromisso iluminador a cada um de seus discípulos e discípulas, para que sejam luz no meio do mundo: “Vós sois a luz do mundo!” Consideremos que desde a celebração da Epifania o tema da luz divina vem iluminando as celebrações dominicais, mas sempre relacionada a Jesus. Agora, o próprio Jesus transfere sua luz para seus discípulos e discípulas: “vós sois a luz do mundo” (5DTC-A). O contexto celebrativo deste Domingo apela e interpela os celebrantes, de modo incisivo e decidido, a serem evangelizadores, tornando-se “sal da terra e luz do mundo”. Uma proposta evangelizadora, que não se resume apenas em moldes de espiritualidade interiorizada, mas que transparece em atitudes práticas e concretas, capazes de temperar a vida com o sabor do Evangelho e iluminar a vida com a luz de Jesus Cristo, pela fraternidade solidária.
 
Discipulado como escolha de vida santa
            Ainda neste contexto evangelizador, a pedagogia litúrgica de fevereiro conduz seus celebrantes a fazerem uma opção em favor da vida. “Escolha a vida, se queres viver” é a frase que resume bem o contexto do 6DTC-A. Depois de receber de Jesus a missão de ser sal da terra e luz do mundo (5DTC-A), a Liturgia indica como opção de vida a radicalidade do Evangelho pela mudança de mentalidade. A frase que cria tal mudança  é esta: “eu porém vos digo”. Uma frase que inaugura um novo modo de viver e de pensar; inaugura uma nova mentalidade como condição para ingressar no discipulado. Se até então se pensava de um modo, com comportamentos compatíveis a tal pensamento, agora, Jesus provoca os celebrantes a mudarem a mentalidade e as atitudes.
            Esta mudança de mentalidade e de atitudes acontece pelo seguimento de Jesus, através do discipulado, com um novo modo de viver. Não somente um jeito de viver, mas viver do melhor modo possível, pois nele, em Jesus, se encontra a vida plena. Escolher a vida, portanto, é escolher Jesus, é se deixar modelar por Jesus e se modelar em Jesus assumindo para a própria vida a santidade divina. É o convite do 7DTC-A para que os celebrantes sejam perfeitos como é o Pai celeste. Em última instância, a realização da vida consiste não somente em viver em Deus, mas permitir que Deus viva na vida humana, fazendo desta vida a morada viva do seu amor.
 
Concluindo
            As celebrações de fevereiro, neste ano de 2014, serão marcadas pela espiritualidade da Epifania e pelo convite para que os celebrantes ingressem no discipulado e se tornem santos e santas, como o Pai celeste é santo. Na prática, essas são condições importantes para que alguém possa testemunhar o Evangelho com a própria vida.
(Serginho Valle)