Um grande tempo para a Epifania

27 de Dezembro de 2013


 Um grande tempo para a Epifania 
Um tempo e um novo caminho se abre diante de nós. Por isso, antes de mais nada, desejo a todos, votos de feliz ano novo, para que 2014 seja abençoado e repleto das bênçãos divinas. Este é o primeiro sentimento que também a Liturgia expressa quando celebra a Mãe de Deus, invocando na 1ª leitura a bênção divina para todo o povo, na certeza que Deus iluminará nossos passos neste novo ano. De fato, A Palavra da Solenidade da Mãe de Deus propõe-se considerar, além da teologia e espiritualidade litúrgica do Mistério celebrado, o contexto do Ano Novo, que se inicia com a intercessão pela paz no mundo inteiro, na luz da fraternidade cristã. Por isso, nossa proposta celebrativa tem a finalidade de ajudar os celebrantes a refletirem como a bênção divina é a pessoa de Jesus Cristo em suas vidas. Isto é possível, graças a disponibilidade de Maria, a Mãe de Deus. O melhor modo de participar dessa bênção, dirá São Paulo, é tornando-nos filhos e filhas de Deus (2L).

 
Um tempo epifânico
Do ponto de vista litúrgico, Janeiro é um mês epifânico. Como sabemos, a Epifania é a manifestação divina no mundo e, como diz a Teologia Litúrgica Oriental, toda celebração é epifania divina no meio dos homens. As celebrações de Janeiro facilitam esta compreensão, porque nos ajudam a perceber como Jesus é apresentado e manifestado ao mundo e aos homens. O primeiro momento encontra-se na Solenidade Epifania, com a profissão de fé dos Reis Magos: “Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo!” Deus se manifesta iluminado e convida todos os povos à adoração, quer dizer, não à idolatria, mas sim ao Deus verdadeiro.
 
Assim, a Solenidade da Epifania é convite a abandonar os ídolos e a construir uma nova sociedade, completamente iluminada pela luz divina. Em Jesus, a partir do Natal, isto deixou de ser desejo e se tornou realidade, porque a luz divina veio habitar entre nós e se manifestou em nossa carne. A grande mensagem da Epifania é que toda humanidade pode se iluminar nesta luz. Neste sentido, a celebração convida todos os homens e mulheres da terra a se iluminarem  com a luz da glória divina, permitindo que a luz de Deus seja acesa em seus corações, para que o desejo da paz, da alegria e da felicidade de viver na partilha fraterna torne-se realidade.
 
Também a celebração da Festa do Batismo do Senhor entra no contexto da celebração epifânica, contando com a apresentação de Jesus feita pelo próprio Pai: “Eis meu Filho muito amado, escutai-o todos vós!” Jesus é manifestado (epifania) pelo Pai como seu Filho e como seu servo. O Servo de Javé é escolhido especialmente por Deus para uma missão que o próprio Deus deveria realizar na terra. O Servo de Javé e sua missão, descritos por Isaias, realiza-se plenamente em Jesus, o Filho amado de Deus, com início no dia de seu Batismo. Disto se deduz que a celebração deste Domingo tem o compromisso de conduzir os celebrantes ao contato com a missão que vem do Batismo, a partir do projeto missionário e testemunhal do Batismo de Jesus. Configurados a Jesus, no Batismo, o cristão assume a mesma dinâmica e a mesma proposta existencial do Mestre.
 
 
Epifania no início do Tempo Comum
A manifestação, ou a epifania de Jesus continua no início do Tempo Comum, com a apresentação de Jesus, pelo maior de todos os profetas, João Batista, mostrando Jesus como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo! Desta forma, João Batista introduz Jesus na missão profética do Servo de Javé, aquele que tem a vocação de, pelo sacrifício, se tornar “cordeiro”, oferta pascal. A vocação profética do "Servo de Javé" realiza-se plenamente em Jesus Cristo, que trouxe para a terra e para toda a humanidade o projeto divino, a Salvação. A mesma vocação continua convocando os batizados e batizadas a se empenharem a favor do projeto divino. É uma celebração para se destacar a importância do projeto divino e ajudar os celebrantes a acolher este projeto, para o bem da Igreja, para o bem de toda a terra e de toda a humanidade. Uma celebração, igualmente, para favorecer a vocação profética em cada celebrante.
 
A conclusão de todas estas celebrações epifânicas, realizadas em Janeiro, retoma o tema da luz, que pode ser resumido na seguinte frase: “O povo que vivia nas trevas viu uma grande luz!” É a profecia de Isaias que se realiza em Jesus, porque ele é a luz do mundo e trouxe o seu Evangelho para iluminar a terra com a luz divina. Todos que se fazem discípulos e discípulas de Jesus tornam-se evangelizadores, quer dizer, iluminadores da terra com a luz divina. É pela evangelização, que o grande sonho humano coincide com o sonho divino de acender a luz do Evangelho para iluminar os corações de homens e mulheres, propondo a iluminação divina para a vida pessoal e caminhos de fraternidade, no relacionamento social.
 
Conclusão
Uma vez que Jesus é apresentado de diversos modos, cabe a nós, seus discípulos e discípulas, nos dispor ao seu seguimento, para que nossa vida também seja um testemunho epifânico da presença divina entre, pela vivência do Evangelho.
                                                                                                                                                                                      (Serginho Valle)