Creio na Vida Eterna!

29 de Outubro de 2013


Estamos chegando nas últimas celebrações do Ano Litúrgico do “Ciclo C”, quando lemos o Evangelista São Lucas. Como é de nosso conhecimento, as últimas celebrações nos remetem para o tempo escatológico, o final dos tempos, para o encontro definitivo com o Senhor. Isso significa que nossa vida terá um fim, que a morte física é inevitável, mas não é o final de nossas vidas, pois continuaremos a viver em Deus, como professamos no Credo: “creio na ressurreição da carne e na vida eterna”. 

A primeira celebração deste mês, em “comemoração dos fiéis defuntos” faz um apelo sereno a todos nós, os vivos, para nos manter firmes na esperança do Senhor: “Espera no Senhor e tem coragem, Espera no Senhor!” Em tom de esperança, nossa proposta celebrativa chama atenção para a solidariedade espiritual e para a fé esperançosa. Solidariedade espiritual, de quem reza pelos irmãos e irmãs que morreram, principalmente os mais esquecidos e, a fé esperançosa em quem não teme a morte, porque crê no Deus da vida. Com estes dois componentes, a realidade da morte torna-se menos ameaçadora e mais cheia de esperança de um dia participar plenamente da vida divina. 

Logo no dia seguinte a “finados”, a Igreja celebra a santidade da Igreja em seus filhos que comungam plenamente a glória divina em “Todos os santos e santas”. É uma grande celebração de ação de graças, reconhecendo que Deus derrama sua santidade em nossa Igreja e acaricia com ela tantos irmãos e irmãs, que já vivem com ele, no céu. Nossa proposta celebrativa enfoca o fato de que todos somos chamados a participar da santidade divina; todos somos chamados a ser santos e santas. O caminho para se chegar à comunhão com Deus é trilhado na fé e na esperança e, necessariamente, passa pelos degraus das bem-aventuranças. A celebração da santidade, presente nos filhos e filhas da Igreja, tem um colorido especial neste ano, dado o contexto do “Ano da Fé”. A santidade dos filhos e filhas da Igreja é a grande proclamação da sua fé, da fé que venceu as barreiras do tempo e do mundo e se eterniza pela participação plena na santidade divina. 

Em busca da ressurreição 
Depois das duas primeiras celebrações, que nos remetem ao fim da vida humana (finados) e ao desejo divino de participar de sua santidade (todos os santos e santas), a Liturgia celebra a fé na ressurreição da carne; a nossa ressurreição. No 32DTC-C, a Igreja lembra que a teologia da Ressurreição teve um longo e lento processo no Antigo Testamento. A 1ª leitura e o salmo responsorial desta Missa são páginas que ilustram tal amadurecimento teológico, culminando com o ensinamento de Jesus, no Evangelho e, na 2ª leitura, Paulo explica como viver para ressuscitar e participar da eternidade divina. É um grande convite para renovar a esperança na Ressurreição, para que a fé seja alimentada com a confiança e com a certeza de que não somos destinados a este mundo. Trata-se de uma profecia muito forte contra aquelas promessas que colocam os horizontes da vida unicamente no contexto terreno. 

Como podemos participar da santidade divina, em meio a tantos apelos para caminhar nos caminhos do mundo? A resposta está na celebração do 33DTC-C, com uma frase que resume bem toda a celebração: “É permanecendo firmes que irás ganhar a vida!” No contexto do “Ano da Fé”, a reflexão do 33DTC-C, considerará o futuro — não como tempo abstrato e sem esperança e, por isso, de medo — mas como tempo de esperança, marcado pela fé. Uma celebração também para considerar o tempo presente, para avaliar as agressividades que os cristãos sofrem, seja do ponto de vista físico, psíquico e moralmente. 

Conclusão do Ano da Fé 
Finalmente, no último Domingo de novembro a solenidade de “Cristo Rei”, que encerra o “Ano da Fé” contemplando a Cruz e a oração da humanidade, na boca do ladrão; uma oração tão poderosa, capaz de “roubar” o Reino do Senhor para todos nós: “Senhor, lembra-te de mim quando estiveres no teu Reino”. Chegamos ao final do Ano Litúrgico coroando nossa caminhada no discipulado, através da pedagogia própria deste Ano Litúrgico, celebrando a fé iluminada pelo Evangelho de Lucas, proclamando uma vez mais o Reinado de Jesus Cristo. Com esta celebração, damos graças a Deus pela conclusão deste Ano Litúrgico e pelo encerramento do “Ano da Fé”.

Serginho Valle