Discipulado no Evangelho de Lucas

28 de Agosto de 2013


Discipulado no Evangelho de Lucas

Duas características marcam as celebrações de setembro: o já tradicional “Mês da Bíblia” e, o tema dedicado a este mês, sobre o discipulado no Evangelho de Lucas. Não se trata de tematizar celebrações pelos meses temáticos, por isso, o tema do discipulado servirá de inspiração para contextualizar nossas propostas celebrativas o decorrer deste mês. 

Duas ou mais condições para o discipulado 
O primeiro elemento do discipulado aponta para a simplicidade, enquanto condição necessária para se poder entrar no caminho do discipulado (22DTC-C). Os humildes conhecem o sabor da vida e, por isso, reúnem mais condições para viver no discipulado! Aplicados ao nosso cotidiano, constata-se que quanto mais simples forem nossos relacionamentos interpessoais, mais crescerá a humildade em nossos corações. Quando tudo fizermos sem a preocupação de buscar aprovação dos outros, mais a harmonia interior fará sinfonia em nossos corações e viveremos afinados com Deus e com o outro.  Quem aprende a dar o primado ao outro, e não ao próprio “ego”, encontra um sentido novo no viver; viverá mais livre, mas simples, mais sereno. 

A simplicidade é uma condição importante para assumir o projeto do discipulado, que na celebração do 23DTC-C será proclamado com o conhecido convite de Jesus: “Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo!” A simplicidade de coração é a condição necessária para se acolher a sabedoria divina em vista do discipulado do Evangelho. Só pela sabedoria divina é possível compreender as renúncias exigidas por Jesus, no Evangelho. O processo do discipulado exige a renúncia da lógica do mundo para acolher a lógica divina, através do conhecimento da vontade divina. Do ponto de vista pastoral, a Igreja precisa saber acolher as multidões sem colocar nelas a prioridade, porque a prioridade se encontra no discipulado, no seguimento de Jesus Cristo.

Como o discípulo e discípula vivem a dimensão do Reino 
O Reino de Deus, que acontece na vida do discípulo e da discípula, é também convite para exercitar e promover a força do perdão, como proposto no 24DTC-C. De fato, o perdão acolhedor de Deus conduz ao discipulado porque derrama o amor divino em nossos corações pelo acolhimento e pelo perdão. Como nos dois Domingos anteriores, e dentro do contexto do “Mês da Bíblia”, contextualizamos também esta celebração no discipulado, enfatizando a experiência do perdão acolhedor de Deus Pai, tão bem simbolizado na parábola do “Pai Misericordioso”. 

Por fim, a fidelidade ao projeto divino, proposto no 25DTC-C, como ensina Jesus que “quem não é fiel nas pequenas coisas, também não é fiel nas grandes.” Jesus convida seus discípulos e discípulas a refletir sobre o uso das riquezas e do dinheiro. Apresenta-lhe o perigo de se deixarem corromper pela ganância e, com isso, a impossibilidade de viverem na fidelidade ao Evangelho, que é próprio do discipulado. Este, por sua vez, não conduz ninguém a viver nas nuvens, mas introduz em contextos sociais que desafiam a capacidade de renunciar aos bens terrenos em vista da riqueza proposta pelo Evangelho e como convite para viver alerta ao perigo da ganância, que cega e aprisiona o coração humano.

Conclusão 
Três aspectos são considerados na Liturgia do último Domingo de setembro (26DTC-C), que servem para nossa conclusão: a continuidade de Lc 16, cuja leitura foi iniciada no Domingo anterior (25DTC-C), a presença iluminadora do “Ano da Fé” e o “Dia da Bíblia”. A Palavra de Deus, especialmente o Evangelho, propõe aos celebrantes escolher viver de acordo com a proposta divina, dando atenção aos irmãos e irmãs necessitados, para viver na paz e herdar as promessas divinas. Por isso, o convite para sentar-se diante do Mestre e aprender dele qual atitude deverá ter o discípulo e discípula ante a injustiça que impede irmãos e irmãs de viverem dignamente.

Serginho Valle