Tempo Pascal

23 de Março de 2013


Tempo Pascal, tempo de fé

Um mês inteiro para proclamar com nossas celebrações a Fé na Ressurreição de Jesus. É assim que podemos caracterizar o mês de abril de 2013, no contexto do “Ano da Fé”. Um mês totalmente pascal que, em certo sentido, pode ser definido também como puramente pascal, considerando o conjunto das celebrações feriais e dominicais. 

As celebrações de abril começam com os Domingos das Aparições, formados pelo Domingo da Páscoa, mais o 2º e o 3º Domingos pascais. São celebrações do encontro da Igreja que caminha nas estradas do mundo, com o Senhor ressuscitado, quando ele dá as últimas instruções de como se deve testemunhar o Evangelho. Os outros Domingos Pascais, celebrados em abril, fazem memória do discipulado que se orienta na fé, à luz do Evangelho. 

“Creio, Senhor, mas aumentai minha fé” 
O primeiro contato com a realidade pascal considera a necessidade de manter acesa a chama da fé, mesmo quando o Senhor não está mais visível entre nós e as desconfianças começam a crescer. Os celebrantes do 2º Domingo da Páscoa são postos diante da última bem-aventurança de Jesus: “bem-aventurados os que crêem mesmo sem ver” (Jo 20,29). O entusiasmo evangelizador da primeira comunidade cristã, com o passar do tempo, cede lugar aos desafios do dia a dia, inclusive com perseguições e martírios. Para não ceder era importante crer — mesmo sem ver — que Jesus é o Filho do Homem, o vitorioso da morte. É um Domingo que proclama o conteúdo central da pregação evangelizadora: a Ressurreição de Jesus. Quem nela crer sem exigir sinais, enquanto provas concretas, é um bem aventurado, garante Jesus. É uma celebração, na qual a Igreja eleva a mesma prece de Tomé: “creio, Senhor, mas aumentai minha fé”.  

A aparição de Jesus aos Apóstolos e discípulos, reunidos no Cenáculo, tinha a finalidade de confirmar a fé na presença do Senhor, em todas as circunstâncias e na realidade da não visibilidade de Jesus, depois de sua ressurreição. Era essa fé que fortalecia os primeiros cristãos, nos momentos de maior dificuldades. Eles eram perseguidos e agredidos por causa de sua fé. Mas isso não era motivo para desistir ou abandonar a missão evangelizadora. Em vez de desanimarem, a agressão social e aquela religiosa e política, os tornava cada vez mais encorajados a viver e testemunhar o Evangelho. Também a adoração ao Cordeiro Imolado, o Cordeiro vitorioso, que São João descreve no Apocalipse (2L do 3DTPC), torna-se fonte de fé nas dificuldades, especialmente aquela fé que só pode desenvolver-se no amor e amando.  

Tempo para o discipulado, na fé 
Uma vez concluído os Domingos das Aparições, os demais Domingos que completam o Tempo Pascal são dedicados ao discipulado como resposta ao seguimento de Jesus, na fé e pela fé. De fato, o discipulado só acontece pela fé em quem se deixa conduzir pela voz do Bom Pastor. O 4º Domingo da Páscoa, conhecido também como “Domingo do Bom Pastor”, evidencia que não existe discipulado sem fé, porque não existe discipulado sem o acolhimento da Palavra do Bom Pastor que conduz à vida eterna. Por vida eterna entende-se a participação na vida divina, e isto pode acontecer já nesta vida terrena. A morte física rompe relacionamentos humanos com outras vidas humanas, mas não rompe o relacionamento com a vida divina, pois esta é eterna. Por isso, já vive a vida eterna quem se faz “ovelha” (entra no discipulado de Jesus), uma vez que participa da vida do Pastor, que sempre doa a sua vida eterna.  

A Igreja tem a missão de, não somente semear e implantar a fé, mas também confirmar a fé de seus filhos e filhas que se tornaram discípulos e discípulas de Jesus. Confirmar a fé significa fortalecer os membros da Igreja nos momentos de desanimo, nas crises de fé, diante de desafios que ameaçam a fé... A confirmação da fé, na vida dos discípulos e discípulas de Jesus, é parte da missão da Igreja, celebrada no 5º Domingo do Tempo Pascal, para que os seguidores do Evangelho não se deixem vencer pelos desafios, medos e agressividades de quem não partilha a mesma fé ou, até mesmo, se mostram agressivos e desrespeitosos para com quem a acolhe. Este 5º Domingo do Tempo Pascal tem também a finalidade de apresentar a conseqüência existencial de quem permanece firme e confirmado na fé. Faz isso proclamando o Evangelho da glorificação trinitária, da qual o discípulo e discípula de Jesus, participam. Por isso, assim como o Pai glorifica o Filho devotando-lhe todo o seu amor pela Ressurreição e Ascensão, o Espírito Santo glorifica Jesus conduzindo os discípulos e discípulas ao conhecimento da Verdade para produzir frutos da Verdade. A Verdade é o Evangelho de Jesus.

(Serginho Valle)