Encontrar-se com Deus através da sua Palavra

29 de Janeiro de 2013


Como no mês de janeiro, fevereiro se divide em duas partes. Na primeira, celebra-se o Tempo Comum e, na segunda, o início da Quaresma, com a 4ª feira de Cinzas e os Domingos introdutórios da Quaresma: o Domingo das tentações de Jesus e o Domingo da Transfiguração. 

Tempo Comum  
Como proposto na pedagogia de janeiro, os Domingos do Tempo Comum são marcados pelo protagonismo da Palavra de Deus. Através do acolhimento da Palavra, Deus entra em nossas vidas e nós temos possibilidades de participar da vida divina. Tanto a vocação profética de Jeremias como a atuação profética de Jesus torna-se um convite para ouvir, acolher e transformar a Palavra de Deus em caridade. Por isso, a celebração do “4º Domingo do Tempo Comum – C”  incentiva a interceder o dom do acolhimento da Palavra, para que a caridade possa crescer na vida de cada celebrante. Se a Palavra de Deus falar no coração de cada discípulo e discípula de Jesus, a caridade se tornará aquilo que de fato é: a força transformadora da sociedade atual. 

O acolhimento da Palavra na vida pessoal favorece o discipulado. É pelo acolhimento da Palavra que os primeiros discípulos deixam tudo e se colocam a caminho, com Jesus. “Em atenção à tua Palavra, vou lançar as redes”, disse Pedro depois de ouvir Jesus pregando o Evangelho, em sua barca, no “5º Domingo do Tempo Comum – C”. A Palavra de Jesus é uma Palavra confiável que desafia até mesmo o experiente pescador a lançar as redes, depois de uma noite sem nada pescar.  A experiência vocacional de Isaias, de Paulo e de Pedro está marcada pelo encontro com a Palavra de Deus. No caso de Pedro e Paulo, é o Evangelho que marcam suas experiências. Ao ouvir a Palavra, Pedro se dispõe a realizar aquilo que Jesus pede: lança as redes e o resultado é uma pescaria estupenda. Jesus lhe garante que isso lhe acontecerá como pescador de vidas humanas, para que sejam divinizadas. 

Tempo da Quaresma 
Concluída a primeira parte do Tempo Comum, a Liturgia inicia o tempo da Quaresma com a imposição das Cinzas. A proposta celebrativa que estamos fazendo, para iniciar a Quaresma deste ano de 2013, é um forte convite para a penitência, no contexto do “Ano da Fé”. É importante ajudar nossos celebrantes a relacionar a penitência como método, como modo, como caminho para se aproximar de Deus e crescer na fraternidade. É o caminho da conversão, que favorece a renúncia a tudo que não conduz à Deus e impede relacionamentos fraternos. 

Também na Quaresma, a Palavra volta a ser considerada elemento fundamental na vida do cristão. A Palavra de Deus do 1º Domingo da Quaresma ilumina a celebração com a luz da fé. Os israelitas piedosos crêem que os frutos da terra são dons divinos, por isso os oferecem a Deus em ação de graças. Jesus está no deserto, onde é tentado pelo Demônio, mas não se deixa seduzir com suas propostas, porque crê que a vontade divina está acima das tentações diabólicas. O homem e a mulher que se iluminam na fé não cedem às vontades terrenas ou diabólicas porque sabem que a fonte da vida e da verdade está em Deus. 

Depois, no 2º Domingo da Quaresma, o convite para dar atenção à Palavra é pronunciada pelo próprio Pai, no contexto da transfiguração do Senhor. “Ouvir o Filho amado de Deus, para transfigurar o coração” é o grande apelo da Liturgia deste 2º Domingo da Quaresma. Um pedido para que os celebrantes ouçam a voz da Palavra de Deus e respondam corajosamente. A resposta corajosa ao apelo divino promove a transfiguração interior, invade a vida pessoal e encoraja a partir, movido unicamente pela força da fé, como fez Abraão. O Tabor não é um local de permanência, é de passagem, local onde nos fortalecemos para continuar o caminho. 

Conclusão  
A Palavra de Deus ilumina todas as celebrações de fevereiro 2013, seja nas celebrações que concluem o Tempo Comum, seja naquelas que iniciam o Tempo da Quaresma. No contexto do “Ano da Fé” e da nova evangelização, é mais que um tema importante, é um convite para se voltar às origens, à fonte de onde bebemos o espírito evangelizador e onde alimentamos nossa fé.  

Serginho Valle