Pão divino para a vida humana

21 de Julho de 2012


 Agosto 2012 :  Pão divino para a vida humana

 
O simbolismo do pão perpassa o mês de agosto, convidando os celebrantes a uma decisão sobre como e com qual pão alimentam suas vidas. O pão é um simbolismo religioso universal que indica comunhão com Deus e comunhão entre irmãos e irmãs, através da partilha. O pão ilumina a dimensão horizontal da religião (de Deus que nos alimenta) e a dimensão vertical (da mão que estendemos ao outro, para partilhar o pão fraternalmente). O pão, sempre do ponto de vista religioso, alarga-se na dimensão de todo tipo de alimento que nutre o espírito humano. Neste sentido, é símbolo espiritual, que nutre a mística e a espiritualidade. Assim, a Palavra é entendida como pão e o fazer a vontade do Pai também é simbolizada na pão, como diz Jesus: “meu alimento é fazer a vontade do Pai” (Jo 4,34).
 
Não parar no alimento material
Depois de alimentar a multidão com a multiplicação dos pães, Jesus chama atenção do povo, fascinado com aquilo que podia fazer por eles: alimentá-los à saciedade com pão e recolher 12 cestos, que poderiam ser usados para alimentar muito mais gente. Era algo que merecia ser mais que comemorado, merecia um seguimento, pois quem andasse com Jesus nunca passaria mais fome e, melhor que isso, não precisaria se esforçar (além da caminhada) para ter o pão que diariamente alimenta as necessidades físicas do homem e da mulher. Ao perceber isso, Jesus promete um alimento que ultrapassa as tais necessidades, porque a vida não pode ter como única finalidade a busca de bens materiais (18DTCB). Exigência considerada como pão amargo, fonte de reclamações típicas do homem velho (Ef 4,22). Mais que buscar alimentos oferecidos pelo mundo, que a cada momento cria novas necessidades, é bom pensar um novo modo de viver, inspirando-se em Jesus, pois sua Palavra é pão, é alimento e luz para os nossos passos (Jo 8,12).
 
O ensinamento de Jesus tem uma finalidade bem definida. O mundo tem fome de um pão que o alimente com vida que seja plena e eterna. A história tem mostrado como homens e mulheres perderam suas vidas comendo um pão que não sacia a sede da plenitude da vida. A proposta de Jesus, portanto, é ajudar-nos a transcender nossas necessidades materiais para começar a perceber aquelas necessidades espirituais que também vivem famintas dentro da gente (19DTCB). Não se pode permanecer na mentalidade positivista atual, mas é necessário ir além da matéria pela experiência da via espiritual. Espiritualidade e mística cristã, portanto, são caminhos para conhecer e se alimentar de Jesus e de seu Evangelho.
 
No últimos Domingo de agosto (21DTCB), a Liturgia proclama a conclusão dos ensinamentos de Jesus com o simbolismo do pão. O resultado não é nada animador. A reflexão de Jesus termina com uma crise de fé em sua comunidade de discípulos, que começam a rejeitar Jesus porque sua Palavra era dura demais. É quando Jesus começa a aplicar o simbolismo do pão ao seu Corpo e ao seu Sangue. Jesus não mede as palavras e fala que é preciso comer e beber o seu Corpo e o seu Sangue. Isso era demais para alguns discípulos e, por isso, muitos o abandonam. A mesma crise de fé repete-se em nossos dias. É fácil buscar Jesus escondendo-se em multidões, pedindo um pão que alimente as necessidades de sua vida material, quase como que vendo em Jesus um grande mágico, capaz de realizar milagres para todo tipo de necessidade. Agora, Jesus pede mais que ser admirado; pede que seu Corpo e Sangue sejam alimento na vida humana, ou seja, que se comungue plenamente o modo de viver que ele propõe no Evangelho. Isso é demais para muitos; provoca crise de fé. É mais fácil crer em algum pregador que apresenta um Jesus milagreiro que no próprio Jesus que se propõe como alimento para o seguimento dele na radicalidade do Evangelho.
 
Esperança cristã
No meio de agosto, como uma pausa, celebramos a Assunção de Nossa Senhora. Nossa proposta celebrativa, para este ano de 2012, vê na Virgem Maria a realização daquilo que um dia participaremos. Ela já participa da glória divina e nós vivemos essa participação em esperança. No contexto das demais celebrações de agosto, podemos dizer que a esperança é o resultado eficaz de quem se alimenta continuamente do “Pão vivo descido no céu”, com o Pão da Palavra e com o Pão Eucarístico. Nossa proposta celebrativa contempla o mistério da Assunção refletindo sobre a esperança cristã, esta virtude teologal como um modo de presença divina em nossas vidas. Quem se nutre com a esperança, vive a alegria interior dentro de si. O Evangelho da visita de Maria à Isabel demonstra que a esperança produz a alegria interior e, estas unidas à fé, produzem a caridade manifestada em forma de serviço fraterno.
 
Vocações
Agosto, na Igreja do Brasil, é celebrado como mês vocacional. Não se trata de prestar homenagens aos vocacionados, mas de rezar pelas vocações, de colocar em prática o mandamento de Jesus de pedir ao Senhor da Messe que envie operários para a sua messe (Lc 10,2). Em cada uma das celebrações deste mês, adotamos a proposta do Diretório Litúrgico (p. 139) de dedicar a oração dos fiéis à intenção vocacional da semana em curso. Além disso, sugerimos que alguns ritos tenham a participação especial dos vocacionados, como acontece no Dia dos Pais, quando se reza na intenção vocacional da família. No último Domingo estamos propondo ritos especiais para o “Dia Nacional dos Catequistas”.
 
Esperamos que todos possam tirar o maior proveito possível de nossas propostas, que sintam-se felizes em preparar o alimento divino, do qual falam as celebrações de Agosto, para servi-lo através do Serviço Litúrgico no Banquete Eucarístico.
(Serginho Valle).